quinta-feira, 30 de agosto de 2012

POR UM AVIVAMENTO JÁ!




“Se o meu povo, que se chama  pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos,
então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra”. 
2Crônicas 7: 14

  
É extremamente perceptível a inclinação que a natureza humana tem para abduzir-se de seus propósitos originais. Instituições sociais tendem a afastar-se dos seus intentos nobres, os quais justificariam sua razão de ser. Partidos políticos demonstram-se suscetíveis a negociações que contrariam as ideologias que determinaram suas origens. Denominações religiosas se mostram vulneráveis a incorporações de práticas que se contrapõem à sua identidade. A Reforma Protestante, do século XVI, fez-se necessária em função de um declínio espiritual e ético da igreja. Desse modo, devido à facilidade com que nos desencaminhamos, os reavivamentos são imprescindíveis.
Quando o autor de Crônicas, no período pós-exílio, compilou sua obra, tinha em mente demonstrar aos judeus que a verdadeira glória da nação se acha no seu relacionamento com Deus. O livro foi escrito para encorajar e orientar a comunidade que havia retornado do cativeiro babilônico, na sua tentativa de restabelecer sua vida como povo de Deus na terra que Ele prometera aos patriarcas. Para o cronista, inspirado pelo Espírito Santo, Deus desejava agir no meio do seu povo novamente, não obstante, uma condição sine qua non se estabelece: “Se o meu povo (...) se converter”, 2Cr 7: 14.
 
Tempo de conversão
Robert Coleman afirmou que reavivamento é “o retorno de algo à sua verdadeira natureza e propósito”. De fato, reavivamento é um novo impulso no fervor religioso após um período de decadência e desleixo. É um espaço de tempo no qual o Espírito Santo atua no meio de um grupo de crentes, levando-o a buscar a Deus de forma mais intensa, deixando de lado a rotina, a frieza e a inércia. Sobretudo, é um tempo de visitação sobrenatural do Espírito Soberano de Deus em decorrência da conversão do Seu próprio povo.
A. Nominalismo cristão versus espiritualidade fervorosa - “Se o meu povo que se chama pelo meu nome...”.
Reavivamentos substituem o nominalismo e o superficialismo vigentes por uma vida cristã verdadeira e fervorosa. Gente que atende pelo nome de “povo de Deus” passa a corresponder às expectativas que tal status gera e a aparência de piedade dá lugar a uma vida de zelo e poder. A igreja cristã torna-se um povo de quem “Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus”, Hb 11: 16.
B. Religiosidade superficial versus espiritualidade autêntica -“Se o meu povo (...) se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos maus caminhos”.
O Cristianismo superficial que impera em nossos dias é efeito da busca pelo crescimento numérico a qualquer preço, é produto do progressivo abandono das grandes verdades proclamadas pelos reformadores e seus herdeiros em detrimento de um evangelho diluído, é conseqüência da absorção dos valores da sociedade de consumo sob o discurso pretensamente bíblico da teologia da prosperidade. Finalmente, é fruto de concessões perigosas à doutrina e à ética. Em tempos de reavivamentos, a igreja volta a cultivar algumas práticas que, conquanto singelas, se nos apresentam essenciais para a prevenção da superficialidade cristã:
Um povo que se humilha. O orgulho espiritual tem sido a marca da igreja de nosso tempo. A falta de quebrantamento, o ar de superioridade e as atitudes de monopolizadores da verdade têm impedido a ação do Espírito Santo no meio do seu povo. Conta-se que o papa Inocêncio IV mandou chamar S. Tomás de Aquino para lhe mostrar todos os tesouros da igreja romana. Após a exposição de sua riqueza, disse-lhe o papa: “Já não podemos dizer como o apóstolo Pedro que não temos ouro e nem prata”,ao que lhe replicou o teólogo: “Também já não podemos ordenar ao paralítico para que se levante e ande”.
Um povo que ora. Reavivamentos despertam a igreja para uma vida de oração. Crisóstomo, o ilustre pregador do quarto século, afirmou: “O imenso poder da oração já sujeitou a força do fogo; amarrou a ira dos leões, acalmou as insurreições de anarquia; pôs fim às guerras; aplacou as forças selvagens da natureza, expeliu demônios, rompeu os grilhões da morte, expandiu os limites do reino dos céus, aliviou enfermidades, afastou fraudes, resgatou cidadãos da destruição, parou o sol no seu curso, e impediu o avanço do raio destruidor. A oração é uma arma contra todo o mal, um tesouro que nunca se diminui, uma mina que jamais poderá ser esgotada, um céu sem qualquer obstrução de nuvem, um horizonte imperturbado por tempestades. É a raiz, a fonte, a mãe, de incontáveis bênçãos”.
Um povo que busca a Deus. Reavivamentos são momentos nos quais se procura a Deus intensamente. Parte significativa das pessoas que lotam os templos busca outros interesses. Percebe-se, nos movimentos evangélicos, uma ênfase demasiada em aparições e visões, uma sede exorbitante em milagres e uma dependência desmedida de emoções. Disse Agostinho: “A soma de todos os nossos bens, e nosso bem maior, é Deus. Não podemos nos esquecer desta verdade, nem procurar algo além dela; a primeira é perigosa, a outra é impossível”.
Um povo que se converte. Após o período da reforma surgiu a conhecida frase: Ecclesia reformata et semper reformanda est (A igreja reformada está sempre se reformando). Esse lema é absolutamente cabível porque exprime a necessidade constante de reformas, ou seja, de retorno aos fundamentos bíblicos e cristãos que devem caracterizar a igreja. 
 
Tempo de manifestações poderosas de Deus
Ashbel Green Simonton, o pai do presbiterianismo no Brasil, afirmou:“O reavivamento é obra de Deus, periódica e poderosa. É o motor de coisas novas, de realizações extraordinárias e de certa duração, na área da educação religiosa, na área de evangelização e missões, na área de socorro ao sofrimento humano”.
Toda vida espiritual, seja no indivíduo ou na comunidade, na igreja ou nação, é obra do Espírito Santo. Certa igreja, ao convidar as pessoas para suas reuniões de “avivamento”, anunciava: “Reavivamento aqui, todas as segundas-feiras, à noite”; outra, entretanto, prometia: “Reavivamento aqui, todas às noites, exceto às segundas-feiras”. É Deus quem age de forma soberana em favor do seu povo. Nenhum homem pode programar um reavivamento. Veja os resultados da manifestação de Deus no meio do seu povo:
A. “Então, eu ouvirei dos céus”. Reavivamentos são períodos de manifestações incomuns do Espírito Santo. São ocasiões nas quais grandes milagres acontecem em resposta às orações da igreja.
B. “Então, (...) perdoarei os seus pecados”. Durante o reavivamento, a concepção da santidade de Deus gera convicção de pecados, arrependimentos e mudanças. Forçosamente, o reavivamento sempre gera a preocupação com os não salvos pela graça de Deus.
C. “Então, (...) sararei a sua terra”. Avivamentos sempre trouxeram mudanças políticas, econômicas, sociais e morais. John Wesley, o grande avivalista, lutou por causas sociais na Inglaterra. Finney lutou, ardorosamente, contra a escravidão nos EUA. Calvino atacou com veemência os juros extorsivos em Genebra.
 Conclusão
Em 2006 faz 100 anos do movimento da Rua Azusa, que recebeu o nome de Pentecostal. Hoje é tempo de identificarmos nossos “desvios” e retornamos para Deus. Que gastemos tempo em oração, clamando ao Senhor para que o seu povo seja despertado e que, em decorrência de nossas orações, experimentemos um novo agir do Soberano Deus. Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário